23 de novembro de 2011

Finalmente, ela aprendera.


“Abriu os olhos e respirou fundo. Realmente estava desgostosa de levantar dali. Mas, mesmo assim, como em todas as manhãs, murmurou para si mesma: é um novo dia. Não sabia exatamente do que estava tentando se convencer dizendo aquilo. Não podia mais fugir do mundo… não, não outra vez. Deixou os pensamentos jogados no colchão, e se levantou abruptamente. Tiraria o dia para a faxina. Pintou as paredes de amarelo, aquele branco vazio e nostálgico sumiu, e uma vez por todas. Varreu a casa, e não se esqueceu de limpar todos os vestígios de decepções marcadas em seu pequeno coração. Reorganizou os armários, e expulsou quem fazia tanta bagunça por ali. Trocou as lâmpadas, com uma esperança de que as luzes se renovassem. Regou as rosas do jardim. Delicados botões de rosas cor de chá despontavam. Tomou demorados goles de café. Rastros das juras de amor feitas em tempos passados que rondavam pela sua boca, enfim desapareceram. Trocou a roupa de cama e sumiu com as lágrimas já secas de noites solitárias. Já era hora de outros tempos virem. De limpar o coração, de arrumar a casa. Já fazia tempo que o furacão havia passado, e ela, sinceramente, não precisava mais remoer todas aquelas memórias. Dali para frente tomaria conta de si mesma.
‘Querida felicidade, não seja tão passageira como o vento. Não me esquente e depois me deixe para trás, no rigoroso inverno, novamente. Venha, me habite. Vamos, se apresse. Não temos mais todo o tempo do mundo’.

Finalmente, ela aprendera. Não bastava só não querer mais sofrer para esquecer. Páginas não podiam ser viradas sem que uma valiosa lição fosse aprendida. Sem que finalmente nada nos importe. Sem que estejamos prontos para tomar conta de nós mesmos.”



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